sexta-feira, 27 de abril de 2012

Espólio



Tudo o que fomos reduz-se, hoje, a lembranças soterradas no fundo de uma caixa, onde, entre fotografias, bilhetes e presentes de viagens, nosso amor  morre no anonimato; seca como as flores que recebi no meu último aniversário (com a promessa de primavera eterna em pleno outono). Já não ouço os Cds, não leio os livros, não uso os brincos nem vejo as cenas de felicidade impressas em papel colorido. Guardei tudo no fundo do armário, para que os meus olhos não alcancem os vestígios do que fomos um para o outro; para não nos ver morrendo sem testemunhas, protagonistas de uma história da qual o mundo nunca desconfiará... 

AílaSampaio

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