domingo, 9 de dezembro de 2012

Tudo






Tudo em mim clama por ti:
meu sol se pondo, 
minha lua minguante
meus tempestivos silêncios.
Tudo grita teu nome e se exalta
a cada estrela que cai 
quando te procuro e não te encontro.

Tudo me diz da tua presença,
mas nada vejo além do horizonte
que os teus olhos não querem alcançar.


Aíla Sampaio



(Foto: Lagoa Azul - Jericoacoara - www.google/imagens.com)

Desordem





Coloque os meus pensamentos em desordem!

Ando cansada de linhas retas,

de ser assídua e pontual

como os ponteiros de um relógio.

Quero o seu sentido anti-horário

e seu percurso fora do tempo.

Fale bobagens nos meus ouvidos.

Ando cansada de assuntos sérios

e acontecimentos graves;

ando costurando as horas

com um cansaço lento para

atravessar os dias que rápido anoitecem!

Apressa-te e entra no meu poema,

que ri da métrica e rasga as rimas,

para encontrar nas palavras um norte.

Diga que me ama

antes que a tua indecisão me deixe exausta

e acorde a minha indiferença.




Ela é sempre definitiva como a morte.




Aíla Sampaio

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Tua verdadeira pátria





Eu roubaria o fogo dos deuses
e enfrentaria a fúria de Posseidon
para que tu  cruzasses o mar, 
e, como os teus antepassados,
errasses o caminho das Índias
e pudesses chegar ao meu país. 
Eu aprenderia as artimanhas de Hera
e a sabedoria de Atenas
para que o teu coração navegante
se tornasse o meu porto seguro.

Eu roubaria os feitiços de Circe
e a paciência de Penélope,
para fazer-te ficar em meus braços
como quem volta pra casa.
E te contaria todas as histórias
que Sherazade sabia
para encantar-te com o meu amor,
até que ele te lavasse definitivamente
ao meu corpo - tua verdadeira pátria.

Aíla Sampaio