sexta-feira, 6 de março de 2015

A vida é hoje



Essa primavera que eu trago
lacerada por invernos intermitentes
há de atravessar o tempo de estio
e plantar flores no indócil outono.
Entrelaçados ao mormaço da tarde
como num pergaminho antigo
meus versos já não são de amor;
apreenderam o orvalho das manhãs
mas só guardaram a penumbra das noites insones.
Quero ainda a solidão das tardes chuvosas
e sem testemunhas 
sob os lençóis ensandecidos
com que cubro todas as lembranças.
O que se foi pouco importa... menos ainda o que virá.
A vida é eternamente hoje. Aqui. Agora.


Aíla  Sampaio