quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Saudade


Tua ausência





Aquele rumor de pássaros que eu ouvia quando me abraçavas
era a música do vento que trazias nas mãos. Eu e tu, feito um nó ligeiro que não desatava nunca... Lembro-me bem dos laços que criávamos, para enfeitar os nossos dias, e das flores que colhíamos um para o outro só com o olhar (para não maltratar as roseiras). Ah, meu bem, aquele farfalhar de folhas sob os nossos pés não tem mais o mesmo barulho; nem a lua veste mais as mesma cores para abrir a noite. Tudo ficou diferente depois da tua partida. Só eu continuo sentindo os mesmos sismos que me suspendiam do chão à tua chegada, mas sem ter quem me acalme o desassossego da alma e ponha fim ao crepitar dos círios que velam em mim a ausência dos teus abraços.

Aíla Sampaio





sábado, 5 de janeiro de 2013

Já não é segredo



Já não é segredo que te amo.


Essa inquietude da lua mudando de fases,
esse movimento ininterrupto das ondas 
a quebrar nas pedras,
como disfarçar?

Não, já não é segredo que te amo.
Como poderia ser segredo o vento
que abre as cortinas pela manhã;
ou o sol que murmura claridade em nossa pele?

O teu amor, meu bem, é a indisfarçável luz 
de todos os meus dias;
é a alegria incontida dos rios que correm para o mar. 

Aíla Sampaio