domingo, 7 de dezembro de 2008

Um dia...


Um dia, meu amor, meus braços nus
hão de vencer as noites e abatê-las,
quando, depostas a treva e a cruz,
o meu olhar cantar em síncope de luz
a eterna melodia das estrelas.
E o final, como um canto de magia,
seremos nós, das folhas à raiz.
E será tão perfeita a sinfonia
que o próprio Deus que fez a noite e o dia
dos céus distantes há de gritar: "bis!"


(ACB - 07/12/2008)

Fado


Nesse fado que te cansa
e que Deus, do Céu governa,
eu deixarei também a lembrança
mas uma lembrança eterna.
De mim tens horas cheias
(pois já deixei o sol do meu sangue)
a aquecer tuas veias.
Se te sentes sem guarida
que esta idéia te conforte:
Deixei em ti minha vida
à espera da tua morte.


(ACB - 07/12/2008))

Plenitude


Numa insistência hostil, quase feroz,
ainda que muito lutes,
tu ficarás a ouvir minha voz
em qualquer voz que escutes.
Sempre serei contigo em toda parte,
em plenitude como as marés cheias
- Eu a vibrar em tua arte.
Se Deus mandou que eu fosse teu amor
desfaz o teu desejo em fumo
para esse combate sem parceiro,
pois nem tu, nem eu, seja lá quem for
pode mudar o rumo
ao rumo que tem Deus por timoneiro


(ACB)