terça-feira, 27 de março de 2012

Seu verbo diário

Nada aconteceu durante a noite para que ela acordasse sem querer ter rumo. O dia estava lá e as obrigações todas enfileiradas, inclusive os 15 minutos de cochilo da sesta. Tudo se passava lá dentro daquela cabeça incapaz de entrar em standy by nem durante o sono. 'Você precisa parar de SER um pouco', aconselhava Clarice... e ela respondia pela voz de Álvaro de Campos: "o que quero é fé, é calma. E não ter estas sensações confusas". Sensações... era isso: tudo sensações, pensamentos, confabulações sobre "a vida não pode ser só isso que eu vejo, as pessoas não podem ser só isso...". E correu pra vida, porque não tinha mais tempo pra pensar enquanto olhava o teto. Ia pensar dirigindo o carro, ouvindo música pra aguentar os engarrafamentos de veículos, pessoas, sentimentos, sensações. Ela sabia que viver não era só 'aguentar', 'suportar'. Viver, pra ela, tinha outro significado... "Bendito seja eu por tudo o que não sei; gozo tudo isso como quem sabe que há o sol" . Sim, Fernando Pessoa, a felicidade dela é essa: achar que sabe pouco e regozijar-se por isso. Seu verbo diário é APRENDER. 
Aíla Sampaio

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