terça-feira, 27 de março de 2012

Apressa-te





Apressa-te.
O tempo já marca os nossos corpos
e nem erguemos ainda
as paredes da nossa casa.
Preciso de uma varanda para as manhãs de sol
e de um jardim para as tulipas vermelhas
que teus olhos plantaram nos meus
em nosso primeiro encontro.
Preciso de um alpendre retelhado
onde possamos balançar as nossas lembranças,
sem perguntas sobre o passado,
e de uma janela sem cortinas
de onde eu possa ver o mar
ouvindo a tua fala.

Apressa-te
para que nenhuma aflição suba as escadas...

É preciso paz e cheiro de lavanda
para que as nossas mãos envelheçam juntas
e os nossos livros namorem sossegados
na estante da sala.

 
Aíla Sampaio

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