quarta-feira, 15 de junho de 2011

A vida não é um ringue


Gonçalves Dias, no poema Canção dos Tamoios, diz que "A vida é luta renhida. A vida é combate que os fracos abate, que os fortes e os bravos só pode exaltar"... embora saibamos que as dificuldades existem, não precisamos viver eternamente como soldados de guerra. Por que algumas pessoas são tão resistentes ao carinho gratuito, porque se recusam a aceitar a senha de um sorriso para abrir o coração?



Depois de muito tentar dobrar 'barras de ferro', entendi, finalmente, que não devemos fazer esforço para que nos acolham e nos aceitem na rede de afetos... muita explicação, muita justificativa, vulnerabiliza qualquer relação... Acho que é Artur da Távola quem diz "No amor, se é preciso explicar, melhor nem explicar". De fato, quem desconfia, ou não sabe com quem está lidando, ou também não merece confiança.


Há pessoas que vivem armadas, como a postos numa fronteira de guerra...melindram-se ao menor barulho, atiram ao menor vestígio de aproximação, achando sempre que é um inimigo. Essa vigília à espera do 'mal' reflete a inquietação da alma, a consciência embotada de culpas (quem sabe inconscientes, quem sabe ancestrais). Quem só vê más intenções nas intenções do outro só enxerga o mundo pelos espelhos... coisa mais complicada tirar uma pessoa do seu invólucro, despi-la da sua vaidade e do seu narcisismo!


Desisto das pessoas, mas não de acreditar que elas podem melhorar, encontrar a autoconfiança para poder confiar no outro, afinal, no mundo, nem todos são 'bandidos', ainda existem mocinhos, inclusive mocinhos com qualidades e defeitos, sem aura de santidade, porque todo excesso, inclusive de pureza, soa falso.


Gosto de conviver com quem tem e alma leve, quem voa sem medo de cair, quem se arrisca nas tempestades porque acredita que até elas têm seus momentos de bonança. Almas leves depõem as armas da desconfiança e entendem a gratuidade do amor, não potencializam o mal ao acreditarem que só o pior pode acontecer. Almas leves levam a vida a sério, mas a entendem como urgente e prazerosa, não como como ringue ou zona de combate.

Aíla Sampaio

Um comentário:

  1. Temos muito há aprender com as tribos indígenas. Mas estar sempre preparado para uma batalha ou guerra é um atitude primitiva. Como todos os seres humano erram, neste ponto as tribos indígenas erraram. E erram muito feio. Mesmo nos esforços para se conseguir a paz a guerra estava sempre presente. Talvez socialmente falando houve momento de paz. Mas psicologicamente não. O inimigo estava sempre presente e se preparando para atacar. E muito atualmente sabendo ou não estão reproduzindo este modo de vida. É lógico que as armas, técnicas e táticas são outras, mas estão também sempre presente. E para pior a situação este atitude ou modo de vida não está se desenvolvendo naturalmente. É um desenvolvimento artificial, pois muitos estudam e se dedicam a perpetuar estas técnicas. Mas, o ser humano não precisa disso para se desenvolver. Muito pelo contrário tudo isso trás um desenvolvimento superficial. Que não faz parte do real processo de humanização.

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