sábado, 28 de abril de 2018

Desde os contos de fadas


Eu te esperava desde os contos de fadas,
quando a esperança galopava um cavalo branco
e os príncipes existiam;
desde um imemorável maio
quando, em pranto, vi a luz do sol
esgarçar o dia pela primeira vez.
Desde a água benta na pia batismal,
eu te espero sorver o sal da vida
que nos predestinou no livro de Jó.
Sob as chuvas ou contando estrelas,
cresci para ti, as mãos cheias de ardis
para enredar-te em meus braços,
nunca mais ser só.
Separaram-nos silêncios hostis 
e maçãs envenenadas,
até teu olhar redimir-me 
no nosso novo primeiro encontro
quando nos juramos calados
nunca mais dizer adeus.
Enfim
nos encontramos no outono,
mas as secas folhas do passado
que já  tinhas antes da minha chegada
soterraram impiedosamente todos os meus sonhos.
Aíla Sampaio

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