sexta-feira, 8 de julho de 2011

Silêncios


Daquelas tardes só ficou o outono
sob a melancolia do sol avermelhado
que fazia arco-íris em teus cabelos.
O resto passou como água de rio;
escorreu, fez-se córrego e desmanchou-se
mar adentro, feito espuma e sal.
Dos meus olhos não caiu
nenhuma lágrima.
Da minha boca
não saiu uma só palavra.
Tudo foi vivido à exaustão.
Nenhuma lembrança ficou
para derrubar essa parede de silêncios
que se ergueu entre nós.
Como uma navalha que não corta,
faca cega que fura sem incisão
passaste como ventania 
e fechaste
todas as minhas portas.

Aíla

Um comentário:

  1. Meu Deus ... estou simplesmente em choque com suas poesias...maravilhosas...se possível receba este seu humilde admirador e músico no seu círculo de amigos . abraço grande !!!

    ResponderExcluir

CICLO INEVITÁVEL

  “Faz tempo, sim, que não te escrevo, ficaram velhas todas as notícias”, disse o poeta num soneto à mãe nos anos 40. A velocidade do temp...