quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sem dor


Finalmente vi, sem dor,
teu olhar colher a tarde
e o vento cobrir-te do vermelho-alaranjado
que desceu do céu.

Não eras mais meu...
parei para ver-te
desvestido do meu amor
e me lembrei dos beijos que me negaste,
dos demorados abraços
que esperei em vão a cada noite.

Naquela tarde, ali, diante das árvores,
eras apenas um homem sozinho
e já não me inquietavas;
deixei a tarde ensanguentar-se em ti
e, sem dor, sem mágoa ou saudade
percebi que havias saído para sempre
de dentro de mim.

Aíla

6 comentários:

  1. Se ele já estava desvestido do seu amor, Aíla, por que parar para vê-lo? E ainda percebendo que ele havia saído de seu ser, por que esse sentimento, quase revelando prazer, de ver 'apenas' aquele homem sozinho diante das árvores? Você estava igualmente sozinha, somente vendo o vermelho-alaranjado daquela tarde (possivelmente esperando o anoitecer) ... Para nunca mais.
    Rômulo

    ResponderExcluir
  2. Não fiz nada disso, Rômulo... é só um poema...rs

    ResponderExcluir
  3. Exatamente uma poesia, com marcante lirismo, como é de seu estilo admirável. Minha postagem está dirigida à poeta . Apenas um comentário sem qualquer conotação outra, que não seja a de fingir ser uma espécie de testemunha clamando pela continuidade do amor... dentro do mesmo campo da imaginação.
    Bela poesia, Aíla. Triste para mim, mas bela.
    Rômulo, 23:29hs.

    ResponderExcluir
  4. Aíla,

    Lindos teus versos. Lendo-os, lembei-me dos versos de Mário Quintana, mais ou menos assim:
    "Mas será que nunca esqueço de lembrar que te esqueci".

    ResponderExcluir
  5. Aqui, quase todos os poemas carregam um não-sei-quê autobiográfico. Têm a cerne, a marca de um amor que carecia mostar a face à luz do dia ou que ficou pelo caminho antes de aportar na estação derradeira. Mas isso não é necessáriamente infelicidade. faz parte dos acontecimentos marcantes de uma existência.
    E, assim, como outros acontecimentos, faz emergir a poesia. Tais poemas não deixam de ter caráter universal, uma vez que tocam todos nós que ao longo do caminho também passamos por experiências semelhantes.

    Maria Aline
    Distrito Federal

    ResponderExcluir
  6. Obrigada pela visita e pelos comentários... voltem sempre, pois o que vcs dizem faz diferença pra mim! Bjs, Aíla

    ResponderExcluir