quinta-feira, 26 de agosto de 2021

CHORO BANDIDO

 


A resposta nem sempre vem quando fazemos a pergunta. Às vezes até já nos esquecemos dela, quando a encontramos parada numa esquina qualquer da vida à nossa espera. Aí a gente entende que certas coisas não acontecerem é o melhor que poderia nos acontecer; que choramos e sofremos por nada!

 

A vida é paga no débito. Não adianta correr pra escapar. A conta virá de qualquer jeito. Penso nisso olhando os carros passando na rua. Estou anônima na janela do meu quarto, imaginando a história de cada pessoa que está dentro deles. O que temos em comum? O medo da vida? A coragem de assumir que somos uma fotografia desfocada de nós mesmos? Quantos não sabem disso...

 

Toca “Choro bandido” e coloco mais vinho na taça. Quero me afogar na voz do Chico, pois, como os cegos, posso ver na escuridão.  Há um abismo em que caem todos os meus sonhos. Conto-os, um a um...  A resposta que a intuição quis antecipar me espera na esquina. Decido não ir até lá e deixo a conta para o próximo mês.  Encho mais uma taça de vinho e faço uma selfie em boa resolução... Desfocada é a vida, não eu.

Aíla Sampaio

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