Poemas, contos, imagens... palavras e silêncios. Mergulhos e naufrágios de AílaSampaio
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Depois
Depois da despedida, acordei muitas vezes no meio da noite querendo juntar os pedaços do que vivemos para não me sentir de mãos tão vazias. A sensação de orfandade me fazia procurar lugar pra alma desabrigada que gritava pedindo socorro, mas nunca consegui atenuar suas dores ou protegê-la da solidão. Continuo, até agora, correndo o risco de morrer atropelada pela saudade que cruza o meu caminho o dia todo; ainda me sufocam as palavras de adeus, as lágrimas que não deixei escorrerem. Onde haverá tinta pra tantos poemas, muros pra tantos protestos, coração pra tanto amor? Onde haverá leis que proíbam a separação dos amantes e os obriguem a viverem juntos para sempre?
Aíla Sampaio
domingo, 14 de julho de 2013
Decreto
Volto a ti como por um decreto
irrevogável. Não há vida além das tuas cercanias nem risco de alegria fora da
lei que o coração impõe. É áspero o
silêncio da tua ausência, por isso grito e te peço ternura, enquanto o tempo
gesta lento o nosso reencontro.
Aíla Sampaio
Estarei em ti
Fui-me embora da cidade, não de ti.
Deixei-me um pouco no amassado dos lençóis da cama, na mancha do vinho que
derramei na toalha da mesa, nos rastros sutis marcados no tapete, na louça que
ficou suja na pia. Tu encontrarás minhas digitais nos livros da estante, na
torneira mal fechada que ainda pinga os meus descuidos, nos objetos que toquei
despretensiosa. Estarei na mudez do cão que te verá atravessar sozinho a rua,
na luz que permanecerá apagada na antessala, no teu sono confuso e no
toque da tua mão que me procurará ao lado. Estarei em ti eternamente, porque
parti desejando ficar para sempre!
Aíla Sampaio
Assinar:
Postagens (Atom)
CICLO INEVITÁVEL
“Faz tempo, sim, que não te escrevo, ficaram velhas todas as notícias”, disse o poeta num soneto à mãe nos anos 40. A velocidade do temp...

-
“Faz tempo, sim, que não te escrevo, ficaram velhas todas as notícias”, disse o poeta num soneto à mãe nos anos 40. A velocidade do temp...
-
Finalmente vi, sem dor, teu olhar colher a tarde e o vento cobrir-te do vermelho-alaranjado que desceu do céu. Não eras mais meu... parei ...
-
Tu sabes a ordem das estrelas nas constelações e o movimento dos ventos . Sabes tudo das estações e dos climas amenos que ...