sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Maré cheia



Quando sinto teu cheiro de mar
reberverando no vento,
sei que me chamas a mergulhos
em plena maré cheia.
Fecho a janela e guardo-me
no mais tumultuado silêncio,
prevendo sargaços nos desvãos da alma
e tempestades corpo adentro.

Sei de cor os adágios do teu canto,
os aromas das algas
que não se volatizam no tempo,
e os tantos segredos guardados,
nos lençóis de areia.

Escuto teu chamado e ensurdeço
sob o corolário de gritos
que tecem teias de abraços e medos.
Só assim me livro do contágio
dos teus beijos
e não ouço, mais uma vez,
o canto das sereias;
só assim não morro, outra vez,
vítima de outros naufrágios,
refém de irrealizáveis desejos.


 

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