Poemas, contos, imagens... palavras e silêncios. Mergulhos e naufrágios de AílaSampaio
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019
A cidade
A cidade de me esconde
entre ruas e esquinas,
perdida em mim
como suas avenidas
entre semáforos e arranha-céus.
Não sabe do mundo inteiro
que dorme
quando fecho os olhos
nem que suas ruas e casas
são apenas artérias de um corpo
onde a geografia
não dimensionou mapas.
A cidade me esconde
sob suas luzes
e não percebe
nos subterrâneos abismos
dos meus olhos,
um coração que pulsa
e é maior que ela.
Aila Sampaio
(De olhos entreabertos)
Retrato
Não tenho mais o teu rosto fixo na memória
como um retrato na moldura.
Acho que despencou parede abaixo,
estraçalhou-se no assoalho manchado
dos desejos não satisfeitos.
Restou o papel encardido de esperas
com a irreconhecível fisionomia
de um homem antigo
cujos olhos não mais se reconhecem.
como um retrato na moldura.
Acho que despencou parede abaixo,
estraçalhou-se no assoalho manchado
dos desejos não satisfeitos.
Restou o papel encardido de esperas
com a irreconhecível fisionomia
de um homem antigo
cujos olhos não mais se reconhecem.
São assim as terras por que pisamos inseguros
e das quais voltamos de mãos vazias:
terra apenas, sem flores nem água;
é assim o rosto que já foi amado
quando entra no território do esquecimento:
uma fisionomia borrada apenas, mais nada.
*
Aila Sampaio
e das quais voltamos de mãos vazias:
terra apenas, sem flores nem água;
é assim o rosto que já foi amado
quando entra no território do esquecimento:
uma fisionomia borrada apenas, mais nada.
*
Aila Sampaio
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