sexta-feira, 7 de maio de 2021


 Mais um ciclo se fecha para que outro possa se abrir. A vida é esse eterno recomeço, que nos desafia a jogar nas incertezas com apostas dobradas. Nesse cenário de pandemia, as nossas fragilidades nos lançam numa gangorra desgovernada que, por sua vez, nos arremessa ao olho do furacão. É assim que tenho me sentido. É me sentindo assim que faço mais um ano.


Então, a minha luta diária é sobreviver ao mundo e a mim mesma. Não me sobra tempo pra me preocupar com a contagem cronológica dos anos, até porque ela não afere a minha idade. Sou uma alma antiga, que conhece os desvãos de cada instante pelos olhos da menina que conservo em mim.


Guardo cada punhal que me cravaram, cada flor que recebi, num porão imaginário que, de vez em quando, abro pra limpar. Descobri cedo que sou o resultado das minhas escolhas e escolhi guardar no meu coração somente o que foi bom. De tanto polir os punhais com as palavras, eles perderam o fio de corte. De tanto regar as flores, a primavera me habitou... Assim, equilibrando-me na gangorra e inventando coragem, sem nem sempre vencer as apostas, mas sempre no jogo, reinvento-me e floresço todos os dias, à espera de um disco voador que me capture...

O3/05/2021

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