Não tenho mais o teu rosto fixo na memória
como um retrato na moldura.
Acho que despencou parede abaixo,
estraçalhou-se no assoalho manchado
dos desejos não-satisfeitos.
Restou o papel encardido de esperas
com a irreconhecível fisionomia
de um homem antigo
cujos olhos não mais se reconhecem.
São assim as terras por que pisamos inseguros
e das quais voltamos de mãos vazias:
terra apenas, sem flores nem água;
é assim o rosto que já foi amado
quando entra no território do esquecimento:
uma fisionomia borrada apenas, mais nada.
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