Escrevo-te no
escuro, como quem te vê pela fresta,
que a saudade vai
buscar:
a mão no
cavanhaque,
o olhar castanho
debruçado na varanda
e o jeito de
combatente de guerra
que escuta ainda
vozes perdidas no tempo.
Ah, meu amor, deixa
que eu sonhe, não acendas a luz.
Quero dormir no teu
colo como da última vez.
Quem sabe, no
silêncio, o filme volte
e o desejo entre os
lençóis,
para que me encontres
em casa a qualquer
hora.
Quem sabe, depois da
minha partida,
ainda desatando os
nós da despedida,
tu vejas meu olhar
espalhado pela sala,
saindo sem vontade de
ir embora.
Aíla Sampaio
Aíla Sampaio
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