quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Nosso amor



Escrevo-te como quem abre a cortina
e deixa o sol entrar
para arejar o pensamento,
esquecer mal-entendidos.


Talvez por nada mais ter a dizer
toda nota saia em sustenido;
componho um verso, amarro a frase
mas tudo o que digo é silêncio,
parece sem sentido.

É assim o nosso amor desde o início:
uma cortina que se fecha
um sol que se põe,
uma chuva que cai sem aviso;
de repente, entretanto,
as janelas se abrem
e o dia amanhece,
como se nenhum temporal tivesse acontecido.

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