terça-feira, 14 de agosto de 2007

Foi


Ele à janela todos os dias àquela hora, parado como extático contemplativo... Ela passava e interrogava aquele silêncio que não lhe pertencia. Ela passava Ele ficava numa afasia que nem Baudelaire conheceu. Imenso Impoderável Inatingível. E ela todo dia à mesma hora fotografa aquele delírio com suas lentes astigmáticas, doida pra ser vista revista. A janela ela sentia desconfiava mas ele...

Num átimo o revertério. Lençóis amassados, roupas desnecessárias. Até miava atravessada por uma corrente elétrica que não desligava. Curto-circuito conserto Curto-circuito desconserto. Irremediável o amor requentado. Um dia acordou desacordou Acordou: vontade de quebrar o tempo e deter o despertador. Um dia quem suspeitaria os chinelos gastos, o toque demorado o puído da meia teriam o mesmo fim: tédio tédio tédio. Horror. Holocausto. A respiração ofegante nauseava,

E os chinelos gastos e a meia puída, o amor demorado couberam na mesma mala. Sem destino escolheu o silêncio: colérico, empertigado, intempestivo. Farpas no olhar, fuzis nos gestos. Ele sem a janela todos os dias alado perdeu o êxtase e ela fotografou suas interrogações com suas lentes míopes. Onde aquele que à janela todos os dias àquela hora lhe tirava o fôlego? Onde? Onde? Onde?

Adeus às vezes é palavra analgésica.
Foi!

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