Poemas, contos, imagens... palavras e silêncios. Mergulhos e naufrágios de AílaSampaio
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Nosso amor
Nosso amor não aceita presságios nem finitude. Tem resistido ao sobe-e-desce das ladeiras, atravessado ruas movimentadas, dobrado esquinas escuras, mas se manteve austero diante dos perigos. De arestas aparadas, perdeu a fúria das ondas do mar, já não anda sobre as nuvens nem grita ao vento sua existência. Fez-se correnteza de rio, passo seguro em terra firme, silêncio que fala mansamente. É partida com certeza da chegada, voo livre com pouso certo; liberdade para aprisionar-se sem imposição. Já não delira; faz planos. Já não tem pressa; aprendeu a espera. Não é mais sonho; virou realidade.
Aíla Sampaio. 12 de junho de 2013.
Deserção
Meu silêncio não é uma prece
tampouco ausência de tumulto
ou pausa para a reflexão.
ou pausa para a reflexão.
Meu silêncio é deserção por desistência.
Aíla Sampaio
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Tentativas
O que fui foram tentativas. Nunca consegui a plenitude da ousadia ou a desnecessidade dela; jamais agi com beatitude ou danação. O que em mim foi guerra virou despojo de uma paz armada; o que foi sólido fez-se um líquido amorfo; o que era quente ou frio escorreu morno. O que fui e o que sou continuam sem forma definida. O que serei, quem sabe, ultrapasse a tentativa.
Aíla Sampaio
Nada
Inquietam-me
a palavra não dita,
o grito reprimido,
a dor silenciada,
a falta de cuidado
com a fratura da alma
quando
do amor imenso
não resta nada.
Aíla Sampaio
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